A articulação da anca é um exemplo de resistência no esqueleto humano. No entanto, há diversos fatores, externos e internos, que podem contribuir para a sua degradação ou mau funcionamento, comprometendo a sua saúde e bem-estar. Felizmente, na grande maioria dos casos, há técnicas e processos para o tratamento das patologias da mesma. Em alguns deles, a solução é a cirúrgia.
O que é exactamente a articulação da anca?
Chamamos anca à articulação composta pelos ossos da coxa (fémur) e os da região pélvica (bacia), sendo por isso também denominada coxo-femoral. Na prática, é a região esférica onde o osso da bacia acomoda a cabeça arredondada do fémur.
Revestida de cartilagem e reforçada por ligamentos fortes, tem um papel fundamental na locomoção e na sustentação do corpo. Além de suportar a nossa massa corporal, permite uma ampla gama de movimentos dos membros inferiores e proporciona estabilidade durante os mesmos.
Porque se lesiona esta articulação?
Quando saudável, a articulação da anca é muito estável e resistente. Na verdade, é necessário um trauma de grande intensidade para a lesionar. No entanto, há factores que contribuem para diversos tipos de lesões e patologias que afectam a anca e o seu funcionamento. E, consequentemente, impactam outras zonas do corpo, sobretudo os membros inferiores e a coluna vertebral.
São bastante comuns lesões da anca em praticantes de actividades como dança, atletismo e futebol, devido ao esforço acrescido, a quedas e aos movimentos da anca envolvidos nessas modalidades desportivas.
Patologias como a osteoartrite e a osteoporose – mais recorrentes em pessoas idosas – também causam, respectivamente, limitação de movimentos e aumentam o risco de fracturas.
As lesões mais frequentes da anca
As lesões mais frequentes da anca derivam de quatro tipos de problemática:
– traumas, as chamadas fraturas;
– conflitos no movimento que geram limitação da mobilidade;
– instabilidade, causando o excesso de mobilidade como na displasia;
– degenerativas, como a artrose.
Conheça algumas em mais detalhe:
Coxartrose
Quando se dá o desgaste progressivo e o desaparecimento da cartilagem articular da anca, estamos perante a coxartrose ou artrose da anca. Isto porque é a cartilagem, em conjunto com uma substância chamada líquido sinovial, que impede os ossos de se esfregarem uns contra os outros e se danifiquem.
Pubalgia
Também conhecida como hérnia do desportista, refere-se a um conjunto de lesões que resultam de um desequilíbrio muscular entre os grupos musculares que se inserem no púbis: músculos abdominais e aductores.
Trocanterite
É a inflamação da bursa trocantérica e/ou a inflamação dos tendões que se inserem no grande trocânter (médio e pequeno glúteo). Designada também de síndromes trocantéricos dolorosos, pode ter várias causas: traumatismo da face lateral da anca, contractura da banda ilio-tibial, desequilíbrios musculares, patologia articular da anca.
Conflito Femoro-Acetabular
Ocorre quando a articulação da anca é movimentada em grandes amplitudes e o fémur e o acetábulo da bacia “chocam” entre si, ou seja, ocorre um contacto anormal. Resulta em lesões da cartilagem e do labrum podendo evoluir para artrose da anca.
O tratamento pela cirúrgia:
É essencial que procure aconselhamento médico assim que sentir algum desconforto ou dor na zona da anca. Todas as lesões apresentadas acima podem ser tratadas e/ou resolvidas com recurso a cirúrgia. Mas quanto mais depressa são abordadas, mais fácil é a recuperação e mais rápido o retorno às suas actividades diárias.
Conheça um pouco melhor algumas das cirúrgias à articulação da anca.
Artroscopia da Anca
Indicada nos casos de conflito femoro-acetabular e trocanterite. É uma técnica mini-invasiva feita através de 2 ou 3 pequenas incisões de 1 cm. Por norma, é feita com anestesia geral e demora cerca de 2 horas.
Cirurgia da Pubalgia
Utilizada para corrigir a pubalgia. É feita por uma pequena incisão de 3 cm na face interna da coxa por onde é feito o seccionamento do tendão do longo aductor. Geralmente é feita com anestesia loco-regional (“epidural”) e demora cerca de 40 minutos.
Artroplastia da anca
É a colocação de uma protése nos casos de coxartrose. A prótese é colocada por uma incisão de 10 a 12 cm feita na face anterior da anca na continuação da prega da virilha. Não há corte de músculos – são apenas desviados – o que diminui a perda de sangue, a dor e as limitações no pós-operatório. Demora cerca de 1 hora e é feita, normalmente, com anestesia loco-regional (“epidural”).