A doença de Dupuytren afecta principalmente homens com mais de 40 anos.
Factores de risco associados: genéticos/hereditários; diabetes; consumo de álcool; medicação para epilepsia; portadores de VIH.
A doença consiste de um espessamento de uma estrutura que há debaixo da pele palmar da mão e dedos, chamada fáscia palmar.
Esta estrutura serve para, de forma simplista, “prender” a pele aos tecidos profundos, dando-lhe firmeza. Isto não acontece no dorso da mão, para que a pele possa deslizar mais livremente e permitir-nos fechar a mão com força.
Nesta fáscia palmar, surgem células chamadas miofibroblastos, que, na doença de Dupuytren, proliferam e levam à formação de nódulos e estruturas tipo cordas, que podem vir a puxar os dedos em direcção à palma da mão.
Formação progressiva de nódulos ou cordas na palma de mão, que se podem ir estendendo até aos dedos, provocando a sua contractura em direcção à palma da mão.
Nas fases iniciais, os nódulos podem ser dolorosos e incomodar quer à palpação, quer ao manusear objectos.
O exame clínico é normalmente diagnóstico devido à aparência típica da doença. Nódulos e cordas são visíveis e os dedos podem estar “enrolados” em direcção à palma da mão.
Normalmente não necessários exames para confirmar este diagnóstico, é suficiente o exame clínico feito pelo médico.
O tratamento é, em regra, cirúrgico e está indicado quando há contracturas que fazem com que não se possa colocar a palma da mão plana em cima de uma mesa – o table top test.
Quando não há contracturas, não há indicação cirúrgica. Mesmo os nódulos dolorosos não exigem tratamento.
A cirurgia é feita em ambulatório, geralmente sob anestesia de todo o membro superior ou geral, usando-se um garrote na raíz do membro. A duração depende da severidade da doença a tratar.
São feitas incisões em zig-zag na palma da mão e dedos, através das quais é excisado o tecido patológico, dissecando-o com cuidado dos nervos e vasos que se dirigem para os dedos. Isto permite resolver ou melhorar as contracturas.
A pele é encerrada com pontos absorvíveis simples. É aplicado um penso volumoso, forçando a extensão dos dedos, que é reduzido passado alguns dias.
O doente pode ir para casa logo após a operação ou passadas algumas horas.
Os analgésicos prescritos geralmente controlam a dor no pós-operatório e devem ser iniciados após a alta.
A mão deve ser elevada, tanto quanto possível, durante os primeiros 5 dias, para prevenir o inchaço.
É estimulado o movimento suave dos dedos e punho.
O penso é normalmente trocado 2 ou 3 dias após a cirurgia, para um penso mais pequeno, sendo necessários cuidados de penso até cerca das 2 semanas de pós-operatório.
As suturas geralmente não têm que ser retiradas por serem absorvíveis.
Clique aqui para descarregar as instruções pós-operatórias.
Condução: a mão precisa de ter controlo total sobre o volante ou alavanca de mudanças. É aconselhável atrasar o regresso à condução até que se esteja livre de dor e se possa controlar um carro numa emergência, o que pode levar uma a duas semanas.
Trabalho: depende do ambiente de trabalho de cada pessoa. O regresso ao trabalho manual pesado só se aconselha passadas cerca de 4 a 6 semanas. Trabalho administrativo pode ser retomado imediatamente ou passados poucos dias da cirurgia.
Em geral, mais de 95% dos doentes ficam totalmente satisfeitos com o resultado. Contudo, podem ocorrer complicações.
Existem complicações específicas para a esta cirurgia e também complicações gerais associadas à cirurgia da mão.
Complicações gerais:
– Infecção (muito rara);
– Nevroma / lesão nervosa;
– Dormência;
– Cicatriz incómoda / dolorosa / hipertrófica;
– Inchaço;
– Equimose;
– Rigidez;
– Síndrome de dor regional complexa (1-2%; reação rara à cirurgia com mãos rígidas e dolorosas – pode ocorrer com qualquer cirurgia da mão, desde um procedimento menor até outro mais complexo).
Complicações específicas:
– Recidiva da doença;
– Falha em resolver completamente as contracturas;
– Lesão de um dos nervos e/ou vasos colaterais dos dedos;
– Cicatriz incómoda durante algumas semanas a meses;
– Demora na cicatrização da ferida cirúrgica.
“Chamo-me Francisco Mercier e nasci no Porto em 1981. Licenciei-me em Medicina pela Universidade de Coimbra em 2005 e especializei-me em Ortopedia nos Hospitais da Universidade de Coimbra em 2013.”